21/10/2024
DR. RESPONDE - Sou transplantada há 12 anos e a minha primeira cirurgia foi a de Fontan; e se tivesse feito as outras cirurgias antes, teria sido necessário o transplante?
Preliminarmente pode-se afirmar de que não é a operação de Fontan (anastomose das veias sistêmicas diretamente nas artérias pulmonares), realizada de per si, a responsável pela deterioração da função cardÃaca, como causa consequente à realização do transplante cardÃaco.
As operações prévias à técnica de Fontan são idealizadas, também
paliativamente, para a obtenção de um estado funcional cardÃaco mais adequado.
Tal condição sucede com a ?bandagem das artérias pulmonares? a atenuar o fluxo
pulmonar exagerado prévio, a fim de diminuir a sobrecarga imposta ao coração.
Outra condição paliativa prévia ao Fontan muito aplicada é a ?anastomose
sistêmico pulmonar? (entre a aorta e a artéria pulmonar) em casos de
insaturação arterial mais acentuada, com fluxo pulmonar reduzido.
Essas condições ajudam a equilibrar a dinâmica circulatória à execução
posterior da operação de Fontan. Mas há muitos pacientes que evoluem de maneira
balanceada e então não necessitam dessas operações prévias comentadas.
Era até uma premissa de que a operação de Fontan devesse ser realizada após os quatro anos de idade, o que também não se sustentou com o tempo.
Assim, devem ser consideradas, no caso presente, quais razões básicas ocasionaram a piora funcional do coração, a ponto de ter sido necessário o transplante cardÃaco.
Muitos são os fatores a serem considerados, independente da operação de Fontan. Referem-se à anomalia cardÃaca de base, portadora de elementos desfavoráveis que poderiam ter ocasionado a deterioração cardÃaca. Destacam-se a presença de lesões das valvas cardÃacas como a insuficiência mitral, tricúspide ou aórtica, além de lesões obstrutivas como a estenose aórtica, como exemplos. E, ainda, presença de alterações do ritmo cardÃaco que alteram a dinâmica cardÃaca, como por bloqueios atrioventriculares, extrassistolias e fibrilação atrial. Deve ser mencionado, ademais, o grau de disfunção cardÃaca que previamente já existisse antes do Fontan, e que tenha progredido posteriormente, assim como a hipertensão arterial pulmonar acima de 15 mm Hg.
Desse modo, muitos fatores entram em jogo na indicação do transplante cardÃaco após a operação de Fontan, e cada fator deve ser analisado como causa determinante.
A ciência progride por meio da procura dos elementos realmente responsáveis, na explicação da referida conduta adotada.